terça-feira, 27 de abril de 2010

é (im)possível!

Sinto-me a cair a cada passo que dou, sinto-me cada vez mais no fundo de um poço sem fim.
Caminho na areia, os meus passos ficam marcados. Mas tão depressa são apagados, tão depressa alguém se esquece de mim. E eu continuo a guardar esse alguém dentro do meu peito, relembrando-o como nunca relembrei.
Será tão fácil esquecer as coisas passadas sem sequer olhar para trás e sentir saudades? Acho (im)possível, tal como é (im)possível apagar o brilho de uma estrela.
Todos sabemos que as recordações ficam no mais profundo da memória, no mais profundo do nosso coração. E será que concordam comigo?
Passemos à frente, não há ninguém que mereça as nossas lágrimas.

Mais uma vez os meus passos ficam marcados na areia, mas mais uma vez são apagados, tal como um dia o fui da memória de alguém.
Vejo o pôr-do-sol, e ao vê-lo desaparecer também a mim me apetece fazer o mesmo. Não me perguntem porquê, a única certeza que tenho é que me sinto a caminhar num chão sem terra firme.
A cada passo que dou sinto-me mais perdida. E tal como alguém me apagou da sua memória e não faz caso do que sinto, também eu a vou apagando da minha, sem dúvidas e porquês, sem lágrimas e ressentimentos.

Pai (?!)

Sinto-me mal, péssima, sem chão.
Haverá alguma razão para seres o que és para mim? Nada?! Onde foi que errei? Espera, tenho uma pequena ideia. Errei ao nascer, errei ao chamar-te pai.
Dói dizer isto, dói muito. Mas cá dentro,é o que cada vez faz mais sentido. É o que cada vez sinto mais, sinto que nunca fui nada para ti. Um ser humano sem merecer amor nem carinho ou um pedaço de lixo?
Às vezes apetece-me desistir de tudo! Apetece-me sair de casa e desaparecer, não voltar mais. Será que irias sentir a minha falta? Alguma vez sentiste? Alguma vez sentiste amor por mim? Tantas perguntas, tão poucas respostas.
Até me posso sentir mal por muitas merdas que faço, por muitas coisas que não devem ser ditas e que digo. Mas e tu, arrependes-te de tudo o que tens feito e dito? Arrependes-te de tudo o que me dizes, de tudo o que me fazes?

Cada vez tenho mais provas que não!
Só tenho saudades de ser pequenina, de andar ao teu colo e brincar contigo. Mas acho que isso nunca foi muito bem assim. Nunca me deste tanta importância como gostava, como queria.
Já não sou criança, hoje tenho 17 anos e vejo tudo o que há alguns anos me passou à frente dos olhos. Hoje sofro com a verdade, sofro e desespero com ela, mas tu não ligas a isso. Nunca ligaste, é essa a verdade!
Não imaginas como gostava de me sentar no teu colo e te abraçar, brincar contigo, falar sobre coisas que nunca falámos, sentir que estás do meu lado como sempre desejei. Fico-me pelo sonho, nada do que idealizo irá acontecer.
E porquê? Diz-me porque as coisas entre nós têm que ser assim?!
Não quero pensar assim, mas cada vez sinto mais que nunca gostaste de mim, que nunca desejaste que nascesse. Tratas-me de maneira tão diferente do meu irmão porquê?
É tão errado quando os pais dizem que gostam dos filhos e igual modo. A verdade não é essa, há sempre preferência para algum. E a tua nunca foi para mim!
Quando te preocupas comigo sinto que tudo vai mudar. Que seremos pai e filha, como sempre idealizei. Mas esse sentimento acaba tão depressa...
Acabas sempre por me deixar mal, por me magoar com atitudes, ou então, apenas palavras.
Mas magoas. E deixas em mim um sentimento de revolta tão grande. Deixas-me uma vontade ainda maior de pegar nas minhas coisas, sair porta fora, desligar o telemóvel, caminhar e não deixar que ninguém me encontre.
Estou farta de viver, farta desta vida que cada vez se torna pior. Não és o único culpado de tudo, é verdade, mas és um dos principais. Como se pode viver em paz e harmonia se as coisas entre nós, pai e filha, são a merda que são?
Não me lembro de uma pequena brincadeira entre nós dois, pai e filha. Não me lembro de uma boa conversa entre nós dois, pai e filha. Não me lembro sequer de termos uma fotografia juntos, pai e filha!
Não tenho boas recordações, na memória permanecem as más, as piores. A revolta é cada vez maior, cada vez sinto mais mágoa, mais rancor. Desculpa, é verdade.
Que vontade, que vontade de correr para os teus braços e me pegares ao colo. Que vontade de o mundo parar só para nós dois e resolvermos tudo o que de mal há entre nós.
Ok, mais um desejo apenas!
Porque é que o teu nome só existe no dicionário, pai? Sou merecedora de não ter um pai presente? Um pai que me ame? Um pai que me ajude? Um pai que me apoie? Um pai que me proteja? Um pai que me compreenda? Um pai que tenha orgulho em mim? Um pai que tenha orgulho em dizer que sou sua filha?
Na vida tudo é possível, mas acho que o meu maior sonho é impossível, não percebo porquê, não consigo entender.

Ser pai é não esperar recompensas dos seus filhos, mas tu esperas.
Ser pai é admitir que errou e aprender a pedir desculpa.
Ser pai é estar do lado do filho para o ver sorrir.
Ser pai é não fazer o filho chorar com simples gestos ou palavras.
Ser pai é amar incondicionalmente o seu filho.
Ser pai é fazer tudo para que o filho se sinta bem.
Ser pai é fazer chorar e sorrir quando o momento é preciso.
Ser pai é dizer que se ama e se orgulha.
Ser pai é tudo, é tudo o que não tens sido, é tudo o que não és!

Gostava de ter orgulho em dizer que és o melhor pai do mundo, mas infelizmente não o tenho.
Não posso dizer uma coisa que não é verdade, não posso fazer uma imagem de algo perfeito se essa não é a realidade.
E sabes o quanto custa ser forte? Sabes o que é ser forte?
É esperar que venhas, é esperar que sejas o pai que sempre quis. Mesmo sabendo que não haverá retorno na nossa relação, de pai e filha.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Rest in Peace (U)

Alguém me consegue explicar porque a vida é tão injusta? Porque é tão traiçoeira? Porque leva quem mais nos faz falta?
Está quase a fazer um mês que partiste, e eu tenho tantas saudades tuas minha menina...
Cada vez que lembro que andei contigo ao colo nos teus primeiros dias de vida, cada vez que lembro o teu último sorriso, o teu último olhar... dói-me o coração.
Não te podia acontecer isto, não podia. Fazia de tudo para que voltasses, porque não fui eu em vez de ti?
Cada vez me sinto mais farta e revoltada com esta vida. Se Deus é grande então porque leva pessoas tão pequeninas e inocentes como tu?! Tinhas apenas um ano, meu deus, tinhas tanto para viver...
Tinhas uma infância pela frente, muitas brincadeiras para fazer, muitos sorrisos lindos e contagiosos para mostrar. E tanta gente que te ama...
Não sei porquê, não entendo mais esta merda de destino, esta merda de vida.
Quero-te de volta, apenas sei isso. Quero-te aqui comigo, quero ver o teu sorriso, os teus cabelos loiros, os teus olhos azuis...
Vais ser sempre a minha menina, estejas onde estiveres, no meu coração permaneces sempre !! (W)
Descança em paz prima, 11-03-2010 (U)