quinta-feira, 19 de maio de 2016

Minha mente barulhenta que me atormenta...



Olá querido avô.

Deitada no escuro do meu quarto, ao som do silêncio, a minha cabeça grita, o meu corpo não aguenta. Estou cansada de mais um dia de trabalho, e esta mente barulhenta não se cala para conseguir descansar. Há sentimento de maior inutilidade? Quero calá-la e não consigo, pensa em tudo, interroga-se de tudo, sofre com tudo, não está feliz com nada. Quero ser forte, assim mesmo como o escudo que mostro aos outros, mas depois há momentos assim, há dias destes. Um dia de "até já's", ou, de despedidas. Deixar para trás quem gostamos dói, por muito que se diga que nada vai mudar. Tudo muda, ou muita coisa muda. Isto está a deixar-me mais fraca ainda..
A luta que, neste momento, estou a travar comigo própria é dura. Alguém me ajuda a calar as vozes dentro da minha cabeça? Alguém que lhes diga que não quero estar assim, que não me quero mais sentir assim? Por favor... Quero ser forte, e não consigo. Quero sorrir, e custa-me. Não quero chorar, e choro como nunca. Não quero ser fraca, e a fraqueza tomou conta de mim. Quero erguer-me, e há inúmeras coisas que me deitam abaixo. Quero ser eu, como me conhecem. Quero um sorriso verdadeiro. Quero a minha cabeça calma, não quero que doa mais.
É pedir muito um pouco de paz?

Um beijo. *

sábado, 14 de maio de 2016

Frágil.


Olá querido avô.

Cheguei a casa, já fui com o Benny à rua e já estou fechada no meu quarto, a ver o dia desaparecer e chegar a noite. Acabo o dia com a alma destruída, o espírito triste e desanimado. Sei que hoje estiveste ao meu lado para não me deixar vergar, aliás, como tens estado sempre, e como, principalmente, tens estado nos últimos dias. 
Sempre me disseram que ao longo da vida terei que engolir muitos sapos, alguns já engoli, outros vou aprendendo. Quantos mais serão? É que custa. Somos maus porque fazemos e maus porque não fazemos. Não nascemos ensinados, e um papel escrito chamado "diploma" não compra humildade a ninguém. Acho até que, muitas pessoas a perdem quando ganham o dito "diploma". É triste, não é avô? São as minhas velhinhas que dia após dia me enchem o coração, os mimos do meu Benny sempre que chego a casa, o saber que estás a olhar por mim e que se estes são os dias menos bons, os melhores estarão por vir. Mas ainda demoram muito a chegar? Estou cansada de ser forte, de algumas vezes fingir. Estou cansada de meter um sorriso nos lábios como se a minha alma andasse sempre assim vestida.
É o meu quarto que me acolhe todos os dias, é a minha almofada que conhece as minhas mágoas e dores. É o Benny, o nosso quatro patas, que sem falar me compreende melhor que ninguém. És tu e ele que trago sempre comigo, são vocês dois que me dão a força e a coragem para me levantar no dia a seguir e o enfrentar. Não me deixam desistir, dão-me razão para lutar. 
Se estivesses aqui sei que todos os dias me pedirias calma, e que não me deixarias chorar como todos os dias tem sido sempre que chego a casa. É o meu desabafo, o lavar da alma. Está ferida, está frágil.
Isto vai passar, não vai? Continua comigo, por favor...

(Amanhã jogam o meu Benfica e o teu Sporting, estamos em pé de igualdade, mas lamento, os campeões seremos nós! Tri-campeões avô, tri-campeões!! Desculpa lá..)

Um beijo. *

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Parabéns ao nosso menino! *



09.05.1996 - 09.05.2016; 20 anos. Hoje quem os celebra é o nosso menino! Pois é avô, o nosso menino está a crescer a olhos vistos, já é um homem! Sei que tens tanto orgulho dele como eu, e que aí de cima não te esqueceste deste dia. Deste-lhe um beijo logo que bateu a meia-noite, não foi? Só não o fazias em vida porque eras um valente dorminhoco, mas não esquecias e de manhã eras sempre o primeiro a dar-nos os parabéns.
Tens visto como ele está crescido? As situações da vida têem-no feito crescer tanto, tanto... Alguma vez acreditaste que ele fosse capaz de tomar a atitude que tomou? Eu confesso que nunca acreditei nisso, até chegar esse dia. Revoltei-me, mas acalmei-me. Ao nosso menino ninguém faz mal, mas Deus não dorme, e tu estás a tomar também conta dele. Dás-lhe nas orelhas cada vez que ele me fala mal, não dás? Não era esta a relação que querias que tivéssemos, disseste-mo dias antes de ires embora. A culpa também é minha, não sou santa e o meu feitio não é de todo o mais fácil.. Mas não é só minha, pois não, avô? Não posso ser a pessoa tão negra como aqui em casa pintam. É isso que me faz sentir mais a tua falta... Existia sempre a tua calma, a tua palavra que acalmava o drama.
Como te pedi no dia em que desististe de lutar: toma sempre conta de nós. Toma conta do Diogo, ele é mais frágil que eu, e embora não demonstre, sofre mais do que imaginamos. Se ele vier de bom humor hoje, prometo que o abraço e lhe transmito toda a tua força, todo o teu amor.
Por agora, ele acabou de chegar.

Um beijo avô, saudades.

domingo, 8 de maio de 2016

Mas, porque deixei de escrever afinal?!



Há muito tempo que deixei de escrever, e sinceramente, não sei bem porquê. Acho que o trabalho me ocupa demasiado tempo e me causa demasiado cansaço para me dedicar àquilo que gosto, e até a mim. Até aos meus... Mas hoje vou voltar. Vou voltar porque afinal as palavras sempre foram o meu refúgio. Desabafo com ninguém, e desabafo com todos. Desabafo comigo própria e sinto-me mais leve. Sentir-me leve... há algum tempo que não me sinto assim. Tento encontrar dentro de mim as razões para isso, não consigo encontrar nem uma! Acho que é tudo junto, e ao mesmo tempo não é nada. Muitas vezes apetece-me chorar e as lágrimas não saem. Quero gritar e a voz sai-me silenciosa, ecoa apenas dentro da minha cabeça. Mas, todos os dias me levanto e sorriu para quem se cruza comigo e me diz um simples "bom dia", para aqueles com quem trabalho diariamente e merecem o melhor de mim. Dá-me gosto saber-me útil para alguém, aviva-me a alma, enriquece-me. São esses os meus pequenos bons momentos ultimamente... Por hoje, fica o coração cheio. Há três meses que encontrei duas das pessoas que mais bem me fazem, e que hoje, trago no peito como irmãos de uma vida. Hoje não vou guardar as lágrimas, vou pôr os phones nos ouvidos e, provavelmente, vou chorar até adormecer. Mas não faz mal, vou sorrir, amanhã começa uma das etapas mais importantes na minha vida.

Foco, Força & Fé.