sexta-feira, 9 de junho de 2017

V. Qualquer coisa.. da minha vida.


Quanto tempo mais vou continuar a tentar-me convencer que estou bem? Quanto tempo mais vou continuar a fingir que sou feliz? Sinto-me um caco, um vidro desfeito em mil pedaços impossíveis de juntar. Com esta "brincadeira" toda já se passaram 5 meses.. porra, 5 meses! Não sou a mesma pessoa. Sinto-me fraca, triste, desmotivada, completamente sem forças para o que quer que seja. Eu que sempre lutei, que sempre segui a filosofia que me ensinaram: nunca desistir. E agora, do que mais tenho vontade é de desistir, de mim, da vida, de tudo.. Quando me queria tornar adulta estava tão longe de pensar o quanto a vida custa, quantas saudades sinto da inocência de criança..
"Porquê?", é o que mais ecoa na minha cabeça. Porque é que nada me corre bem? Porque é que ninguém fica comigo? Porque é que não consigo ser feliz? Porquê?? Todas as noites, quando me deito na minha almofada, são as perguntas que me atormentam e me roubam o sono. E com elas, as lágrimas.. caem tão insistentemente que cada vez me é mais difícil pará-las. Alguém me tire deste poço sem fundo, está tão escuro, tão frio e eu tenho medo.. tenho medo de nunca mais conseguir sair dele e de nada mudar, tenho medo de continuar a ser tão destroçada por dentro e tão feliz por fora que ninguém perceba e me ajude. No fundo, acho que neste momento só não tenho medo de uma coisa.. mas nem vou dizer o quê. É demasiado óbvio.. 
Mais uma noite que me deito e rezo para não acordar. Mais uma noite em que molho a minha almofada com lágrimas. Mais uma noite em que abafo o som do meu choro, e a vontade de gritar..

"Às vezes sinto que eu enlouqueci eu penso em coisas
Que ninguém pensa dava tudo para não ser assim
Eu penso demais em tudo sofro por antecipação
Eu tenho medo de quase tudo não consigo ter uma relação

Sinto que estou sozinho que ninguém me compreende
Eu quero lutar contra isto mas não tenho força suficiente
Enquanto tomo um comprimido eu sinto as minhas mãos dormentes
Está tudo a andar à roda e eu só queria ir em frente

Não acredito em mim eu deixo tudo por acabar
Desejo demais a perfeição sou demasiado bipolar
Só queria ser normal deixar-me de sentir assim
Conseguir-me ver ao espelho e conseguir gostar de mim

Eu quero ser mais forte mas o meu corpo não pára
E enquanto fico sem ar o meu coração dispara
Eu queria não ter medo mas ele não sai da minha mente
Não me consigo controlar e ele vence

Eu não durmo
Não durmo não não
Eu não durmo
Não durmo não

Não quero fingir mas eu sinto que não tenho amigos
Sou a razão do meu fracasso sou o meu pior inimigo
Já nem sei quem eu sou perdi toda a imaginação
Não quero sair de casa nem a minha depressão

Será que eles reparam na minha cara que não estou bem
Será que se partir amanhã eles sabem que os amei
Será que não gostam de mim será que pensam mal de mim
Que não gostam do que eu disse eu não consigo viver assim

Eu não durmo
Não durmo não não
Eu não durmo
Não durmo não"

terça-feira, 6 de junho de 2017

IV. Qualquer coisa.. da minha vida.


Estou triste. Sinto-me revoltada e muito, muito, muito ansiosa.
Recebi pela manhã a notícia que teria alta hoje, tinha que esperar somente pelo resultado de umas análises que depois já poderia ir embora. Há pouco mais de uma hora, a tia Cristina estava comigo, decidimos falar com a enfermeira Cláudia. Pois então, afinal não é hoje.. ok, justifica-se pois o resultado das análises não saiu e amanhã tenho uma TAC às 9h da manhã. Mas, a médica não se lembrou de dizer nada antes?
No fundo, no fundo o pior nem é isso. Estava demasiado feliz, iríamos estar finalmente juntos com a privacidade a que temos direito. E olha, afinal ainda não é hoje.. sei que ele compreende, não seria ele se não fosse assim. Mas a mim custa-me, a vontade de abraçar, de beijar, de olhar, é tanta que hoje tornou-se na minha cara triste. Enfim.. serão apenas mais umas 16h, no mínimo.
Desde Sábado que me sinto a Mulher mais sortuda do Mundo. Talvez ainda mais desde ontem. Há tanto tempo que não me sentia assim que tinha mesmo deixado de acreditar que seria possível voltar a viver este tipo de sentimentos. As coisas mudam, pessoas aparecem quando menos esperamos, as que pensamos que nunca irão desiludir, desiludem e partem sem razões ou porquês. As que menos esperamos, ficam, apoiam, são incondicionais. Pensei eu algum dia que seria ele? Nunca! Mas hoje dou graças a Deus por ele não ter desistido de mim e, por também eu, não ter desistido dele quando o sentia mais longe de nós. Obrigada meu Deus!
Ontem e hoje tenho vivido um misto de emoções, especialmente ontem. Sentia-me tão melancólica que me deu para recordar coisas antigas, ouvir músicas que me tocaram no passado.. e não é que me fez bem? Às vezes é necessário abrir aquele cantinho do coração que há muito está fechado, recordar o que nos fez bem, chorar de saudades e sorrir com carinho. No fim, voltasse a fechar-se tudo, a chave do cadeado volta a ser guardada. Não vá a melancolia regressar e o ciclo voltar a repetir-se.
O dia ainda não chegou ao fim. Talvez ainda me surpreenda, ou talvez não. Vou entreter-me a ver "Anatomia de Grey" e "Empire", a minha companhia de tantos dias.

três beijos, ***

domingo, 4 de junho de 2017

III. Qualquer coisa.. da minha vida.


Ora bem, há tanta coisa para dizer e não sei por onde começar. Não tenho dado notícias, é verdade. Os primeiros 2/3 dias foi o cansaço do trabalho que me venceu, os restantes.. bem, os restantes tenho passado no Hospital de Santa Maria, internada. Não me perguntem o que se passou, acho que nem eu percebi bem.
Segunda-feira, saiu às 16h do trabalho. Vou para casa, faço todo o normal até ao dia seguinte (conversa com a tia, jantar, dormir, etc.). Terça-feira, entro às 16. Acordo, mas não me sinto bem. Falta de ar, corpo pesado, tonturas.. cá pensei eu que fosse novamente a minha diabetes descompensada. Peço à tia que vá comigo ao hospital e enquanto ela se arranja, arranjo-me também, dou a insulina e como um iogurte. Aí é que as coisas pioraram. Para juntar aos sintomas descritos acima, juntaram-se os vómitos e as dores no estômago. Prosseguindo.. piorei de tal maneira que uma das últimas coisas que me lembro foi de ter pedido à enfermeira que me triava uma maca. Apaguei.
A situação esteve bastante complicada, não tive alta como os médicos me tinham vindo a dizer, pois desconfiaram de outra patologia. Fiz então exames, os quais deram certezas para as dúvidas que restassem. Fico internada. No dia a seguir, o médico revela-me o diagnóstico: pancreatite aguda e ainda anemia. Seguem-se litros de soros, os quais ainda continuo a fazer, embora com algumas melhorias. Segue-se uma dieta zero, passa a líquida até que volto a comer a dita "comida de gente", menos mal. Resumida a história, hoje é Domingo e cá continuo. A companhia são os filmes, são as séries.. pouca gente cá tem vindo. As tias, a madrinha e até "ele"! Tenho que confessar que foi a mais inesperada e, peço desculpa às tias e à madrinha, a que mais gostei. Enquanto isso, nos tempos "mortos" vou observando a enfermaria em frente. Cuidados intensivos, tal e qual a minha unidade de trabalho. Do lado da janela um senhor, ventilado. Não sei como se chama, que idade tem ou o que lhe aconteceu. Sinto-me curiosa a esse respeito, e essa curiosidade nunca a vou matar. Mas, peço a Deus para que recupere e fique bem!
Este capítulo é chato, peço desculpa. Quis somente dizer que sim, ainda estou viva! Se por cá ficar mais uns dias certamente que os capítulos vão começar a surgir num estalar de dedos.
Agora vou ficar por ver um filme, ou, algo do género. São 18h e a fome aperta, tenho que me distrair.

Até já,
três beijos.