sábado, 19 de janeiro de 2013

Aprender a amar - Parte II


Quando a Débora foi embora, fechei-me no meu quarto. Enquanto ela cá estava senti necessidade de chorar, talvez por termos falado do Carlos, mas não consegui fazê-lo em frente a ela. Criei uma espécie de manto protector, não choro e não sofro perto de ninguém. Prefiro fazê-lo sozinha e em silêncio, assim continuam a pensar que sou uma pessoa forte. Apesar de o ser, porque sei mesmo que sou, também eu tenho o meu lado fraco. E esse, não quero que ninguém o conheça! Chorei tanto ou tão pouco, que adormeci. Acordei com o meu irmão a entrar em casa, era quase meia-noite. Os meus pais já estavam deitados, entrei no quarto para lhes dar um beijo e voltei para o meu. Liguei à Débora a agradecer por ter vindo, acordei-a também. Amanhã vou pedir à mãe para irmos passear as duas, temos uma enorme cumplicidade entre nós e, por isso mesmo quero falar com ela sobre o meu "episódio" de hoje. Ela melhor que ninguém sabe ouvir-me e dar-me conselhos. Foi ela que me valeu durante estas semanas todas. Mimou-me, deu-me o ombro para chorar, fez-me rir com as brincadeiras parvas dela e, acima de tudo, ficou sempre do meu lado. Agora vou tentar ouvir ao som da música, não quero pensar no Carlos e muito menos voltar a chorar. Um novo dia se avizinha amanhã.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Aprender a amar - Parte I



Hoje é o dia. Decidi finalmente seguir com a minha vida, não posso viver do passado e ficar parada no presente. A Débora é a minha melhor amiga, vem almoçar e passar o dia comigo. Ao fim de umas semanas fechada em casa sem querer receber visitas, liguei-lhe para cá vir. Ela aceitou sem hesitações, afinal afastamos-nos por culpa minha. Avizinha-se um período complicado, mas agora será diferente. Vou ter forças para enfrentar o que der e vier, e os obstáculos não serão mais um problema para mim. Fiquei fechada em casa durante semanas a deprimir por causa do Carlos. O Carlos é o meu ex-namorado, dei-lhe tudo de mim, quando ele me deixou pensei que o meu mundo tinha acabado. Continuo a amá-lo, mas o sentimento fica mais fraco com o passar do tempo. Espero conseguir esquecê-lo, pois pelo que sei tem uma nova namorada. Daqui a uns dias faríamos um ano de namoro, vou abstrair-me disso e espero que ele nem se lembre.


Quando a Débora chegou já tinha tudo pronto, almoçámos e agora viemos até à sala pôr a conversa em dia.
- Estás com um ar diferente, Raquel.
- Claro que estou, depois de tantos dias fechada no quarto a chorar tive que pôr mãos à obra e cuidar novamente de mim.
- Muito bem, gosto dessa atitude. Vá, conta-me lá. O Carlos tem-te dito alguma coisa?
- Temos mesmo que falar dele? Mas não, não me tem dito nada e pelo que sei já namora.
- Desculpa, mas vais ter que me explicar tudo.
Contra a minha vontade lá conversámos durante um bom tempo sobre o Carlos. Até que a Débora percebeu que eu estava a ficar aborrecida e propôs que víssemos um filme.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Stay strong.


Que sentimento é este que me sufoca? Sinto um aperto no peito, bem forte. As lágrimas não caem, e quando o fazem, dificilmente param. Apetece-me pegar numa garrafa de Vodka e bebê-la toda, num só gole, afim de apaziguar esta dor. Mas a bebida só a acalma momentaneamente, então o que faço? As lágrimas não a levam, apesar de a minha máscara a esconder muito bem. Dormir também não surge nenhum efeito, até porque a palavra "dormir" ultimamente não integra o meu dicionário. Sinto-me sem um chão fixo, o meu treme, como se sismos o abalassem constantemente. O dia já não me alegra, prefiro a noite. Calma, sombria, silenciosa... Deixa-me mais triste ainda, mas é dela que preciso. Já não consigo desabafar com ninguém, tornou-se um hábito guardar tudo para mim. Desabafar apenas com o meu cão e a minha almofada. Não me julgam, e ele ainda me dá mimos quando me vê triste. Limpa-me as lágrimas sim, também porque é o único que me vê chorar. Mas que raio de sentimento é este? Não lhe encontro uma definição e muito menos um nome. Faz-me querer largar tudo, caminhar pelo meio da rua, seguir numa estrada sem destino ou regresso marcado. E aqueles que dizem estar sempre ao meu lado e nunca me deixar? Onde estão? Não os vejo comigo, não os sinto. Enfim, um dia pode ser tarde demais. E quando esse dia chegar, espero que ninguém se lamente por não ter estado comigo. Quanto a este sentimento? Vai passar, fui forte até aqui, então nunca o deixarei de ser. Por mais lágrimas que chore, por mais dias que passe deprimida.